Manifestações do luto
A morte de um filho provoca inúmeros sentimentos de perda: de uma vida partilhada, o vazio de uma vida que não terá existência no futuro, e do próprio sentido de identidade, enquanto pessoa e figura parental.
Cada pessoa vive o luto de forma única e diferente. Por isso, algumas manifestações descritas neste folheto poderão ser sentidas por uns e não por outros, assim como haverá estratégias para ajudar a gerir a dor da perda que fazem sentido para uns pais e não para outros.
O que posso vir a sentir ao longo do processo de luto
Aperto no peito, palpitações e tonturas
Fadiga e perda de energia
Insónia ou tendência para dormir muitas horas
Pesadelos
Crises de choro e sensação de estar perdido(a)
Confusão e sensação de irrealidade
Esquecimento do momento da perda
Choque, vazio e entorpecimento
Cólera e raiva
Negação da realidade da perda
Saudade
Tristeza, depressão e desespero profundos
Solidão e isolamento
Falta de sentido para a vida
Pensamentos como “porque é que isto aconteceu?...”
Sentimentos de culpa
Perda da fé ou o (re)encontrar da mesma
Que estratégias poderão ajudar a gerir a dor da perda?
Dar tempo e espaço a si mesmo, aceitando os altos e baixos do processo de luto
Estar em contacto com as emoções e partilhá-las com as pessoas mais próximas
Respeitar como os outros da sua família lidam com a sua própria dor
Falar sobre o filho é muito importante, permitindo recordá-lo e homenageá-lo
Adaptar-se a uma vida sem a pessoa significativa e encontrar novos significados
Investir num novo projeto de vida
Partilhar experiências
Manter uma rotina de autocuidado
Encontrar rituais do luto (por exemplo, escrever uma carta de despedida; criar um livro de memórias com fotografias, poemas; acender uma vela junto da fotografia; plantar uma árvore; colocar flores na campa ou jazigo; rezar, entre outros). O importante é que o ritual faça sentir os pais emocionalmente próximo dos filhos, ainda que de forma meramente simbólica e que esses rituais não prejudiquem o bem-estar
Nem todos precisarão de um acompanhamento profissional, mas poderá haver ocasiões em que é necessário procurar um profissional especializado
O luto dos irmãos
Para as crianças o processo de luto e os sentimentos que vivem são igualmente dolorosos: sentem a perda do irmão e sofrem por verem os pais sofrerem.
Neste caminho, os irmãos necessitam também de todo o apoio e compreensão:
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Podem, por vezes, sentir-se culpados pela doença e pela morte, sendo muito importante que os pais expliquem que a culpa sentida não tem razão de ser;
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Podem não querer falar dos acontecimentos, com medo de estarem a piorar ainda mais o estado emocional dos pais – é muito importante os pais disponibilizarem-se para ouvir e para conversar sobre o irmão, tornando o seu nome uma presença bem-vinda e amada no ambiente familiar.
Fontes: “La Perdida de un niño. Guia de apoyo para padres y familiares en duelo”, de ASPANION e Fundación la Caixa; Mind (National Association for Mental Health); Sofia Gabriel e Mauro Paulino, Mind | Instituto de Psicologia Clínica e Forense; “Facing de death of your child”, The Royal Marsden NHS Trust & CCLG